O Corpo Explica

Já parou para pensar o porquê é tão comum existir insegurança nos relacionamentos?

Basta perceber as diversas maneiras pelas quais ela se expressa: pelos ciúmes, pelas brigas, pelo sentimento constante de que pode perder a pessoa que está ao seu lado, os términos e voltas corriqueiros. Tudo isso não passa de insegurança.

Por vezes, as inseguranças tornam as relações inconstantes e instáveis.

Por vezes, tornam-nas insustentáveis.

E qual o motivo para tanta insegurança?

Para entender isso, é preciso entender antes o que é um relacionamento.

Por exigir profundidade, relacionar-se com alguém implica na existência de dois mundos completamente diferentes, são indivíduos com visões de mundo distintas, muitas vezes com gostos diferentes, vontades divergentes, e, até mesmo, com objetivos diversos. Entretanto, em determinado momento, essas diferenças se unem, para que possa existir um relacionamento.

Na liberdade individual de cada um, os dois escolhem buscar profundidade, união e convergência de projetos de vida.

Se unem, então, dois mundos diversos, que decidiram ficar juntos, mas é necessário ter cuidado com algo muito importante, que pode ser crucial dentro de uma relação que busca crescer.

Ao contrário do que se pensa, o mundo de um, não deve dar espaço total ao mundo do outro. Não deve prevalecer nenhum dos dois mundos, ambos devem ser abraçados.

A finalidade do relacionamento não deve estar em tomar para si o mundo do outro, tentando controlá-lo, mas sim em descobrir aquele outro universo e conhecendo-o e o compreendendo, amá-lo.

Nesse ponto, é claro que não dá para ter a mentalidade egoísta de não querer mudar nada, ou o orgulho de não enxergar alguns pontos negativos, que poderiam ser mudados para melhor.  

Mas o cuidado de não sufocar a vida do outro ou de deixar que sua vida seja sufocada é o mais importante dentro de uma vida a dois.

Você deve estar se perguntando:

Qual a conexão disso com a questão da insegurança?

É simples! Ao tentar controlar o outro, seja a forma que ele vive, as suas manias, ou até mesmo a forma que ele costuma demonstrar o amor, seja os objetivos da vida dele, e o que ele busca em um relacionamento, você vai passar a perceber que não consegue, e começam a surgir as frustrações.

Todo mundo, em algum momento da vida, já ouviu falar que ninguém muda ninguém, concorda?

Isso é verdade, ninguém muda ninguém, completamente!

Afinal, se o outro quiser te trair, ele vai, se quiser continuar sendo preguiçoso, ele vai, se ela quiser se separar, ele também vai, o que ele quiser continuar fazendo ou sendo, ele vai.

Não é possível controlar as vontades do outro, e aquele mundo que você em algum momento achou ser o seu, não é!

Mais cedo ou mais tarde cada um vai perceber que não consegue tomar conta do outro, que não conseguem ter domínio sobre as escolhas e os caminhos que o outro quer seguir.

Surgem então os atos de desespero, as tentativas de cercar o outro, as chantagens emocionais, a constante vigilância em cada passo dado pelo outro, uma verdadeira perseguição.

Que pesadelo é viver em uma relação assim! Ninguém quer e ninguém merece!

E quais as consequências disso?

Muita insegurança, muita frustração e agonias desnecessárias.

Em determinado momento tudo o que é feito pelo outro gera insegurança, se ele diz que não vai poder te ver essa semana, logo você pensa que ele não te ama mais, se resolve sair com alguns amigos, logo surge a sensação que ele está te traindo, que vai te abandonar a qualquer momento.

Seu mundo parece não ter mais nenhum sentido, pois, suas atitudes, suas vontades estão resumidas em tentativas frustradas de dominar o outro, de conseguir impor suas vontades.

A insegurança surge exatamente no momento em que você descobre que não está dominando aquela experiência.

Isso ocorre por um motivo muito simples: você não está conseguindo dominar a si próprio, dominar seu eu interior, suas vontades, sua vida. A constante sensação de descontrole, é antes de tudo, a certeza de que você não consegue se controlar.

E como é possível mudar isso? Como é possível alcançar seu próprio controle?

É preciso conhecer o seu bem-estar, conhecer a si mesmo, conhecer suas vontades, conhecer o que te faz bem, o que te faz feliz, o que você deseja naquela relação, seus objetivos para com o outro.

Ao se conhecer, você começa a identificar o que pode ser mudado, o que pode ser melhorado, o que talvez não seja problema do outro, mas algum problema seu.

E só assim, alcançando, ou melhor, buscando um autoconhecimento, que você pode começar a conhecer também a outra pessoa e a se colocar no lugar dela, tentando enxergar as coisas através dos olhos dela. É assim que os dois mundos se conhecem e se abraçam.

Ao conhecer bem a si mesmo e conhecendo bem a outra pessoa, é possível olhar pra ela de uma forma mais bonita, de forma mais compreensiva e amorosa, fazendo seu papel na relação, pois, você começa a entender que certas coisas não estão no seu controle, e começa a focar no que realmente pode ser controlado, que são suas ações e reações.

Ao alcançar determinado nível de autoconhecimento, as inseguranças começam a não fazer mais sentido, e você começa a gostar até mais da pessoa que está ao seu lado.

Da mesma forma, conhecendo-se e conhecendo o outro, pode ser possível enxergar as incompatibilidades entre vocês, e ao perceber isso, fica mais fácil terminar aquela relação, por simplesmente entender e perceber que aqueles mundos, no fim das contas, são incompatíveis.

Sendo um ou outro o caminho, seu bem-estar acaba sendo o foco e a sua prioridade, pois, ele é o começo para alcançar mais segurança dentro de um relacionamento.