60223162 - portrait of a longing pensive teenager sitting on the beach looking away at the horizon in the morning
O que a mente cala, o corpo fala” já é uma frase sobejamente conhecida, associada às manifestações somáticas, uma vez que o corpo não deve significar apenas a “soma” de interações complexas entre corpo, mente e meio ambiente, nem deve ser visto como separado da mente, a “psique”. O corpo é a pessoa inteira.
Cada vez mais as psicoterapias contemporâneas, de 3ª e 4ª geração, abordam a temática do corpo como o reflexo vivo das vivências subjectivas dos sujeitos, desde o seu início de vida, sejam eles sentimentos, emoções, pensamentos, imagens, ou histórias de problemas pessoais carregados de simbolismo.
Numa época em que surgem cada vez mais doenças que “dificilmente” se explicam do ponto de vista científico e com os conhecimentos médicos, fisiológicos, bioquímicos que muitos dão como absolutos e inquestionáveis, onde vemos cada vez mais o sistema imunológico dos sujeitos que se vira contra o próprio organismo (aparentemente sem razão), o corpo deve ser encarado como uma ferramenta de comunicação e de auto-exploração, tão ou mais rica e complexa que a comunicação verbal, já que este se apresenta talvez sem os subterfúgios e defesas com que a mente se mune e se defende daquilo que são as suas percepções ameaçadoras.
Muitas das vezes as nossas emoções são sentidas em primeira mão no corpo e só depois racionalizadas, só que quando a emoção não é bem gerida e não se liberta a energia a ela associada, ela fica como que “amordaçada” no corpo, trazendo com ela dores, mal-estar, ansiedade, patologias várias que, numa abordagem mais distraída, não se associam a vivências subjectivas do sujeito. Uma das emoções que “piores estragos” pode acarretar é a raiva e que, por diversas razões, os indivíduos não libertam de forma adequada, principalmente se forem crianças, e que terá de ser reprimida, sendo que essa raiva interna acaba por se armazenar “no corpo” durante anos.
Nesta lógica, muitas das manifestações que se sentem no corpo [tais como as relacionadas com os intestinos (diarreias, prisão de ventre, intestino irritável), enxaquecas, sensação de falta de ar, asma, doenças de pele, entre muitas outras], podem ser manifestações somáticas. São os indivíduos a defenderem-se deles mesmos, sentem o meio externo hostil e sentem medo de se manifestar, de exprimir as suas emoções; nestes casos, as pessoas “optam” pela submissão e pelo conformismo, porque não se sentem seguras para exprimir o manancial de emoções que as inunda por dentro. São pessoas que normalmente vivem para fazer coisas, têm um foco na ação, mas lidam mal com a esfera dos afetos, sobrevivem na verdade, adaptam-se para poder continuar a viver, mas as emoções estão lá e a recusa em lidar com elas “abre a porta” à doença psicossomática.
As pessoas cujo cérebro está em modo “sobrevivência” estão quase sempre focadas na ameaça, são pouco flexíveis, não gostam de ambiguidades e, claro, em termos emocionais sentem pânico, vivem obcecadas em fazer alguma coisa errada e não gostam assim tanto de aprender coisas novas, mas sim despachar o que sabem e têm para fazer, pois têm muito medo de errar. E o pior é que este cérebro, a funcionar em modo “sobrevivência” leva sempre a melhor sobre o outro cérebro, aquele que funciona em modo “aprendizagem”. Quando estão em modo “aprendizagem” as pessoas sentem-se calmas, em paz, entusiasmam-se com coisas novas que possam aprender, divertem-se, são curiosas e não têm medo de cometer erros.
Atualmente existem já muitos estudos que correlacionam os traumas de infância (violência sexual, física ou emocional, negligência física ou emocional, doenças mentais, dependência química ou prisão dos pais, separação ou divórcio dos pais, ou violência doméstica) com os estados de saúde, tendo havido elevadas correlações com doenças tais como doença obstrutiva crónica dos pulmões, hepatite, depressão, suicídio, doença isquémica do coração, entre outras. Isto não acontece só por causa dos maus hábitos e comportamentos de determinadas famílias, porque hoje sabemos como a exposição a estas situações traumáticas afectam o desenvolvimento do cérebro e do corpo das crianças. Analisando, através de ressonâncias magnéticas, o cérebro de crianças expostas a situações adversas e traumáticas, consegue-se identificar alterações no cérebro como por exemplo, nas áreas do centro do prazer e da recompensa do cérebro, inibição do córtex pré-frontal, uma área fulcral para a aprendizagem e, inclusivamente, podem ver-se mudanças significativas na amígdala, o centro de reação ao medo no cérebro ou no eixo hipotálamo-pituitário-adrenal, o sistema de reação ao stress do corpo e do cérebro e que regula as nossas respostas “luta ou fuga”, assim como no seu sistema imunitário e endócrino, todos eles ainda em desenvolvimento.
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Estou buscando aprender mais sobre esta comunicação não verbal do ser humano. Gostei de conhecer vocês e estou focado cada dia mais.